Tens tempo para gritar pelos teus direitos?
Como podes tu , os Senhores do Mundo, julgar?
Sabes quais são os nossos preconceitos?
Ainda tens tempo para elevar o teu pensar?
Se tens tempo para idealizar.
É porque, pouco trabalho de tenho dado.
Se tens tempo para protestar.
É porque, não estás suficientemente enfadado.
Por isso, ouve o que eu te digo.
Não esperes sentimento ameno.
Para que eu não diga, “o dito por não dito”.
Ouve bem isto, que te ordeno.
Toca a partir, toca a trabalhar.
Não vás tu pensar, desordeiro, que nos escapas.
Tens muitos Senhores para sustentar.
E a ganância coberta pelas suas douradas capas.
Não duvides de mim, pois sou o teu Senhor.
Duvida de ti, questiona a tua vontade.
Trabalha, para não transpirares o áspero terror.
E para a tua fome, não deixar saudade.
Será que és boa rês?
Não te queixes que não estás fino.
Então porque não vês?
Que ser escravo é o teu destino?
Um estômago cheio, já é para ti, um bom feito.
Isso basta para a tua felicidade.
Pois eu não quero que saibas de qualquer jeito.
O que é a Democraticidade.
Ainda tens tempo para me questionar?
Só se tiveres a tal doença que perdura.
Porque não estás para lá, a trabalhar?
Visto isto, a tua doença só pode ser a loucura.
Pois mais uma vez, ouve o que eu te digo.
Não esperes sentimento ameno.
Mas, para que eu não diga, “o dito por não dito”.
Ouve bem isto, que te ordeno.
Toca a moer, toca a esforçar.
Não peças muito, não te quero dar a Liberdade.
Estou aqui, para te escravizar.
Pois tens de contribuir para a minha rica “herdade”.
Não protestes, não irás nunca entender.
Não vale de nada cantares o meu Hino.
Ainda não consegues compreender?
Que ser escravo é o teu destino?
Não podes, uma boa mesada, juntar.
Pois os teus filhos não têm direito à tua herança.
Pois também eles vou escravizar.
Não percas muito tempo, suspirando esperança.
Sabes o que vais deixar, qual vai ser a tua herança?
És um ser louco, ainda não conseguiste entender?
Julgas tu, que para os teus, vai ser a segurança?
Pois não penses muito, não vás em vão, prometer.
O trabalho é teu.
A ordem é minha, não é para contestar.
O teu corpo é meu.
És o meu escravo e assim vais acabar.
Não penses em revolução, para a tua mente suavizar.
Pois nada mudou com a tal “revolução do cravo.”
O meu destino é viver o belo e para o povo escravizar.
E o teu destino é, dolorosamente, ser escravo.
sábado, janeiro 14, 2006
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1 comentário:
Ai o nosso Gil Vicente e as suas Cantigas de Maldizer...
A leitura torna-se mais interesante. Com algumas alterações em certos versos, até podia-mos cantá-las.
E muito obrigado pelo comentário.
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